“Conviver com hemorroidas pode ser muito incômodo e afeta muito a qualidade de vida de uma pessoa. Só quem tem esta condição sabe as dificuldades diárias que enfrenta”, afirma o médico coloproctologista Gustavo Lisboa de Braga.
ENTENDA MELHOR
As hemorroidas são veias dilatadas e inflamadas na região anal ou retal, que podem causar dor, sangramento e desconforto. Elas podem ser internas ou externas, dependendo da sua localização em relação à linha denteada do ânus. As hemorroidas internas ficam dentro do canal anal e geralmente não são visíveis ou palpáveis. As hemorroidas externas ficam na borda do ânus e podem ser vistas ou sentidas.
COMO TRATAR?
“Em primeiro lugar, é fundamental consultar o médico especialista para definir a amplitude e as implicações do quadro clínico e o tratamento adequado para cada paciente”, explica Braga.
Via de regra, o tratamento depende da gravidade dos sintomas e do grau de prolapso (descida) das veias. Em casos leves, medidas conservadoras como dieta rica em fibras, ingestão de líquidos, banhos de assento com água morna e pomadas anti-inflamatórias podem aliviar os sintomas. Em casos leves sem alívio com as orientações anteriores, casos moderados ou graves, pode ser necessário algum tratamento que diminua ou remova as veias afetadas.
EM CASOS DE NECESSIDADE DE INTERVENÇÃO
Existem diferentes tipos de intervenções para a resolução dos sintomas de hemorroidas, que variam de acordo com o método utilizado (métodos que ligam, cauterizam ou cortam as veias hemorroidárias), tais como:
– Ligadura elástica: é a colocação de anéis de borracha na base das hemorroidas internas, provocando a sua necrose e queda. É um método simples e pouco invasivo, que pode ser feito no consultório médico, mas pode requerer várias sessões para tratar todas as veias;
– Escleroterapia: é a injeção de uma substância esclerosante nas hemorroidas internas, causando a sua fibrose e retração. É um método rápido e indolor, mas pode ter menor eficácia do que os outros métodos;
– Crioterapia: é a aplicação de frio nas hemorroidas externas, provocando a sua destruição pelo congelamento. É um método pouco empregado atualmente, pois pode causar danos aos tecidos adjacentes e dor intensa.
– Hemorroidopexia: é a fixação das hemorroidas internas na parede do canal anal com grampos metálicos ou com pontos. É um método menos doloroso e com menor risco de sangramento do que a hemorroidectomia tradicional, mas pode ser menos eficaz para prevenir recidivas, além de apresentar potenciais complicações graves com difícil correção.
– Hemorroidectomia: é a remoção completa das hemorroidas com bisturi, tesoura ou laser. É o método mais eficaz para tratar as hemorroidas de grau III ou IV, mas também o que causa mais dor e possíveis complicações no pós-operatório.
“O tipo de cirurgia mais adequado para cada caso deve ser definido pelo médico coloproctologista, após uma avaliação clínica e exames complementares. O objetivo do tratamento personalizado para cada paciente é, ao mesmo tempo, diminuir completamente os sintomas ou pelo menos minimizá-los, prevenindo assim complicações como trombose, infecções ou anemia, expondo o paciente ao menor risco de complicações possíveis. É por este motivo que sempre que possível, procedimentos minimamente invasivos são os de primeira escolha”, argumenta Braga.
CUIDADOS NO PÓS-OPERATÓRIO
O pós-operatório da cirurgia de hemorroidas pode variar de acordo com o tipo de procedimento realizado, mas geralmente requer alguns cuidados como:
– Usar analgésicos e anti-inflamatórios prescritos pelo médico para aliviar a dor e o inchaço;
– Fazer higiene local com água morna e sabonete neutro após cada evacuação, evitando o uso de papel higiênico ou lenços umedecidos;
– Aplicar compressas frias ou gelo na região anal para reduzir o edema e o sangramento;
– Evitar esforços físicos, levantar pesos ou dirigir por alguns dias ou semanas, conforme orientação médica;
– Evitar alimentos que possam causar prisão de ventre ou diarreia, como condimentos, frituras, bebidas alcoólicas ou cafeinadas;
– Beber bastante água e consumir alimentos ricos em fibras, como frutas, verduras e cereais integrais, para facilitar o trânsito intestinal e evitar a formação de fezes duras;
- Usar laxantes ou supositórios se necessário e apenas sob orientação médica.
A RECUPERAÇÃO CIRÚRGICA
A recuperação da cirurgia de hemorroidas pode levar de alguns dias a algumas semanas, dependendo do tipo de intervenção realizada e da resposta individual de cada paciente. Em geral, os resultados são satisfatórios e duradouros, mas podem ocorrer recidivas em alguns casos, especialmente se não forem adotados hábitos de vida saudáveis que previnam a constipação e a pressão sobre as veias anais.
“É preciso estar ciente de que os procedimentos cirúrgicos e os cuidados perioperatórios estão evoluindo cada vez mais e estão proporcionando recuperações cada vez mais precoces. E nunca é demais reforçar: não realize quaisquer procedimentos sem orientação do médico especialista”, enfatiza Braga.
Dr. Gustavo de Lisboa Braga
Coloproctologista – CRM 36907 RQE 32136
drgustavobraga.com.br